domingo, 3 de agosto de 2008

Não sei quem são as pessoas que passam por aqui, mas tenho certeza absoluta que o acesso é ínfimo, por isso poucas pessoas sabem que não quero ser mãe. Parece uma coisa meio fria, egoísta, mas não é. Tudo bem, é um pouco de egoísmo sim, mas é muito mais preocupação com o futuro.
Meu afilhado nasceu há 14 dias. É lindo, saudável, tem um super-pulmão, gosta que conversem com ele, gosta de música, enfim...Mas a mãe da criança tá exausta. Coitada da minha amiga! Olho pra ela e tenho vontade de fazer algo, mas não sei o que. O máximo que faço é pegar o Daniel por alguns minutos, niná-lo, cantar pra ele. Só que quando ele bota o pulmão pra funciona, não tem nada que eu possa fazer. Ele berra, berra, berra e só a mãe pode resolver o problema. Se ele quiser mamar, não tem pra onde correr. E amamentar deve ser cansativo (agora aguardo as pedras!). Tudo bem, é um momento de intimidade da mãe com o bebê, é transferência de afeto, é alimentação. Ok....Racionalmente eu entendo tudo isso. Só que ninguém passa a noite lá, servindo de mamadeira pra criança.
Não é pra mim.
Sempre admirei minha comadre. Pela tranqilidade dela, pela paciência, por conseguir tempo pra tudo, por ter conseguido trabalhar no que ela queria e ser bem sucedida, por ser independente. Agora, admiro muito mais.
Eu não sei se suportaria dois dias do que ela tá passando.
A casa vive cheia de gente. Visitas são bem-vindas, mas precisam de semancol. Eu trenho intimidade o suficiente pra aparecer sem avisar e se ela quiser dormir, ela vai pro quarto dela e pronto. Agora, a irmã da vizinha do tio da colega do trabalho dela querer visitá-la nesse momento é demais. Ou se quiser ir, vai, fica 20 minutos e tchau. Ela tá cansada demais. É notório.
Tudo bem que vai passar e depois ficarão apenas as boas recordações. Só que o durante é difícil pra caramba.
Só quem passa sabe. Eu não quero saber...
Por isso digo que não quero ser mãe. Não quero perder noites de sono com um bebê chorando sem que eu saiba o que fazer para acalentá-lo. Não quero sentir dor para amamentar. Não quero sofrer as dores do parto, nem as dores do pós-operatório. Não quero viver entre fraldas sujas de cocô. Não quero abrir mão de fazer nada pq tenho um serzinho totalmente dependente de mim. Não quero sofrer pq quando a criança for pra escola, algum coleguinha poder morder ou bater no MEU bebê. Não quero chegar cansada do trabalho e parar pra fazer dever de casa. Não quero dúvidas sobre educação (devo ser liberal, devo ser amiga, devo ser rigorosa). Não quero preocupação se o adolescente vai chegar cedo ou tarde das nights. E todos esses problemas são da dimensão emocional. Não citei grana em nenhum momento.
Claro que se acontecer e eu engravidar, meu filho será a prioridade zero da minha vida. Vou amá-lo mais que tudo.
Claro que às vezes eu penso nisso. Deve ser uma delícia ter um serzinho totalmente dependente de você aconchegado nos seus braços. Mas tb é uma responsabilidade do cacete.
Tenho uma colega que tem um filho adolescente. Não sei o que ela sente, mas vejo diariamente seu sofrimento, sua preocupação, sua impotência e seu medo.
Outra coisa que falam muito: ah, vc vai ficar velha e não vai ter nignuém pra cuidar de você.
Primeiro: nenhuma criança merece vir ao mundo com a responsabilidade de fazer ninguém feliz, muito menos de cuidar de outra pessoa.
Segundo: quem me garante que ter um filho garantirá que alguém cuidará de mim quando eu estiver velha?
Pois é, tudo isso aflige meu pobre coraçãozinho.
O namorado quer um filho e acho que é um direito dele. Infelizmente não sei se poderei realizar esse sonho.
Talvez eu engravidasse por amor ele e depois amaria o bebê.
Claro que as condições momentâneas não favorecem à situação, por isso o plano está fora de cogitação.
Um dia, pode ser que eu esteja escrevendo aqui entre fraldas sujas de cocô, carrinho de bebê, móbilies, mamadeiras e um laptop....rs

2 comentários:

Silvana Persan disse...

eu não pretendo ser mãe. aparentemente, não pelos mesmos motivos que vc. penso na coitada da criança, que não pediu pra nascer e que terá o azar de cair neste mundo cão. as expectativas para a vida na Terra nos próximos anos são as piores (aumento da guerra pelo petróleo, guerra pela água, falta de alimeto, etc., etc., etc.). acho que egoístas são as que tem um filho só para satisfazer um capricho, para se sentirem "realizadas". essas, sim, são as que devem ser chamadas de egoístas.

bjs

B. disse...

nossa, sinceramente nunca vi algo tão chocante pra mim. Pretendo sim, ser mãe, e mesmo tendo que colocar meu filho nesse mundo desgraçado, vou procurar sempre o melhor pra ele, e principalmente, dar amor e o ensinar a amar, uma boa educação, moral, cultura, e criar ele pra sair do Brasil (na evrdade, quero ir antes memso de conhecer o cara com quem vou ter um filho).
Não vou ter um filho por egoísmo, isso é outra coisa. Vou ter pra me sentir realizada pessoalmente, por pura necessidade, eu tenho isso, vc não tem, e pronto.
Lê esse texto, é lindo, "a importância de ter um filho", sobre o quanto vc gasta com isso: www.clicrbs.com.br/pretinhobasico